terça-feira, 16 de agosto de 2011

Primeiros contatos

Os primeiros contatos com as turmas estão acontecendo, e o tema preconceito a ser discutido abertamente, tem deixado alguns alunos aparentemente calados enquanto que outros aproveitam para apontar situações, no entanto para todos preconceito e "bullying" são sinônimos. Isso demonstra a força a midia sobre a população, criando verdades que nem sempre correspondem à realidade dos fatos. Afinal a midia fala muito mais de "bullying" do que de preconceito. Preconceito se aprende e se transmite entre as gerações, e "bullying" (palavra inglesa sem tradução para o português) é o preconceito posto em prática. Mas, isso é tese a ser defendida em outro momento.
Em todas as turmas, nem sempre na mesma ordem, aparecem as mesmas situações de preconceito: racismo; orientação sexual; gênero; cultural; social e econômico; religioso; regional; nacionalidade; profissional; deficiências física, visual e mental; no esporte; na forma de se vestir.
E conforme a conversa vai se desenrolando, os alunos vão se soltando, e alguns passam a relatar situações de preconceitos que vivenciam, seja como vítimas ou atores. E é unanimidade entre os alunos de que na escola o preconceito está presente nas diversas relações, com grande intensidade entre os próprios alunos, e que funcionários, professores e gestores, na maioria das vezes, agem de maneira positiva buscando não fixar conceitos e atitudes preconceituosas. Mas, apesar de muitos desconhecerem o termo, muitos entendem a existência do preconceito velado, sendo este o maior entrave no "combate" ao preconceito, uma vez que as pessoas nem sempre dizem aquilo pensam, ou pensam aquilo que dizem.
Nesse sentido, e tendo como ideia a partir de momento surgido numa Oitava Série, em que dois alunos começaram a cantarolar um pagode chamado "A Barata", do Só Pra Contrariar, e houveram manifestações de preconceito, convidei os alunos que cantassem para a sala, e assim eles fizeram, e chamaram os colegas a participar. Aos poucos todos foram envolvidos e estavam participando. Foi um momento de descontração e interação e, assim, foi adaptada uma atividade que os alunos gostaram e tem sido colocada em prática pelo professor em outras turmas. A atividade consiste, primeiro em construir uma relação com nome dos alunos e aquilo que não gostam e que gostam. Depois, fazendo uso da música, o aluno vai "utilizar" o que apontou gostar ou não gostar para se defender da barata, personagem da música. Feito isso, os alunos são levadas a refletir sobre gostar e não gostar de alguma coisa, e principalmente, se tiverem de contar exatamente com aquilo de que não gostam para se defenderem.
Aparecem reflexões interessantes. E assim, acaba se levantando discussões sobre gostar e não gostar de alguma coisa. Como os gostos são diferentes, as pessoas também são diferentes. E, aos poucos vai se construindo uma nova visão sobre si mesmo e sobre os outros.

sábado, 13 de agosto de 2011




Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
                                                                          (Nelson Mandela)





Projeto Escola de Todas as Cores, de Todas as Raças: Igualdade a partir da Diferença.

O projeto "Escola de Todas as Cores, de Todas as Raças: Igualadade a partir da Diferença" é o meio pelo qual a EE “Dona Carolina Francini Burali”, localizada em Assis/SP, visa cumprir a lei 10.639/03. Isso ocorre por entender ser “uma instituição social” e que “dela fazem parte sujeitos sociais que compartilham, combatem, reproduzem, modificam, fortalecem, e ressignificam pensamentos e visões de mundo” (BELELI et al 2009 p.165) fará cumprir sua parte disponibilizando aos seus alunos do Ciclo II do Ensino Fundamental e do Ensino Médio o referido projeto no decorrer do segundo semestre letivo de 2011. 

O Projeto
           
            O desenvolvimento do Projeto Escola de Todas as Cores, de Todas as Raças: igualdade a partir da diferença dar-se-á no decorrer do segundo semestre letivo de 2011, tendo como público alvo a comunidade que forma a EE “Dona Carolina Francini Burali, em Assis, com atividades dentro e fora da sala de aula, principalmente nos momentos em que ocorram faltas de professores titulares ou substitutos das disciplinas que compõem o currículo do estabelecimento de ensino. Para tanto ele está adequado às exigências legais e ao Projeto Político Pedagógico da referida unidade escolar, estando pautado pela justificativa e pelos objetivos a seguir:

            - Justificativa:
           
            Para atender os preceitos legais determinados pela Lei 10.639/03, de 09 de janeiro de 2003, a qual altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências, e assim promover uma releitura da História que ao longo dos anos tem sido fragmentada no que se refere à contribuição da cultura africana para a formação da cultura brasileira e fazendo com que os afro-descentes sejam vistos e tratados como seres de segunda categoria devido à predominância da cultura européia no seio da sociedade nacional é que a Escola Estadual “Dona Carolina Francini Burali”, localizada em Assis, Estado de São Paulo, irá desenvolver entre seus alunos do Ciclo II do Ensino Fundamental e do Ensino Médio o Projeto Escola de Todas as Cores, de Todas as Raças: igualdade a partir da diferença.
            Com o projeto a unidade escolar pretende valorizar o conhecimento da cultura africana, contribuindo para as mudanças necessárias e condizentes com uma sociedade democrática e justa e que atenda os preceitos constitucionais de que todos são iguais, não admitindo, para tanto, distorções, diferenças e dominação de uma raça ou cultura sobre a outra, e conforme afirma o líder sul-africano, Nelson Mandela, se aprendemos a odiar, é possível que sejamos ensinados a amar.

            - Objetivos Gerais:

- Promover uma nova visão da participação do negro na formação cultural brasileira;
- Proporcionar condições para que brancos e negros e outras etnias que compõem o povo brasileiro convivam mutuamente em condição de harmonia;
- Difundir e valorizar a cultura afro-brasileira; 
- Promover a cidadania e igualdade social reconhecendo a pluralidade racial;
- Resgatar a dignidade racial e cultural dos afro-descendentes.

            - Objetivos Específicos:

- Identificar a origem dos africanos trazidos como escravos para o Brasil;
- Relacionar a escravidão com o tráfico humano
- Identificar a contribuição dos povos oriundos do Continente Africano para a sociedade brasileira dos períodos escravagista e atual;
- Discutir e conhecer o papel no negro, identificando as personalidades que contribuíram para a cultura, para o esporte, para as artes, para a política, enfim, para os variados setores da sociedade brasileira.
- A luta pela liberdade a partir das comunidades quilombolas
- Perceber as diferenças e semelhanças entre as comunidades africanas existentes no Brasil e no mundo;

            - Habilidades e competências a serem desenvolvidas:

- Desenvolver procedimentos de pesquisa em diferentes fontes de informação;
- Capacidade de relacionar-se com as diferenças étnico-raciais;
- Contextualizar e posicionar-se diante da realidade social brasileira;
- Reconhecer-se como sujeito ativo da cultura brasileira.


No entanto o projeto não se pautará apenas por trabalhar a cultura afro-brasileira, sendo está um pano de fundo para que as mais variadas situações de preconceitos presentes no universo escolar sejam levantadas, questionadas e analisadas, buscando uma convivência pacífica entre alunos, professores, servidores, gestores e comunidade em geral.  Isso porque sabemos que o Brasil sofreu e sofre influência das mais variadas culturas de todos os cantos do planeta.




Isto exposto, o professor responsável pelo projeto, Silvio Luís de Carvalho, mediante autorização verbal da diretora da unidade escolar, Lucia H. G. F. Germano, está criando o presente blog, o qual servirá como veículo de comunicação do projeto para que toda a comunidade escolar (interna e externa) possa acompanhar o que vem sendo produzido pelos alunos, e quem sabe servir como estímulo para que outras unidades escolares e a sociedade como um todo trilhem por um caminho que poderá conduzí-las à igualdade a partir da diferença. Cabe ressaltar que este projeto, além de atender ao que obriga a Lei 10.639/03, seu conteúdo é desenvolvido tendo por base o curso de "Gênero e Diversidade na Escola", ofertado pelo MEC e desenvolvido pela UAB/UFSCar, o qual o professor Silvio concluiu em 2010.

Agora assista ao video originalmente publicado no Youtube, com Gilberto Gil cantando a música "A Raça Humana".


Para refletir mais um pouco sobre a raça humana assista agora, com Roberto Leal, "A raça humana não tem cor". Ele diz, entre outras coisas que: "se houver amor, raça humana não tem cor".


Agora, para pensar mais um pouco sobre a condição e da brasileira e do brasileiro, ouça "Racismo é burrice", com Gabriel, o Pensador. Entre outras coisas ele diz que: "...que morra o preconceito e viva a união racial...quem vai lavar a sua mente não sou eu; é você".


E será que em algum momento você não agiu ou presenciou alguém agindo como descreve Chico Buarque em " A Geni e o Zepelim".


E dos Estados Unidos da América, veio um exemplo de luta contra o racismo, que fez de Martin Luther King um dos ícones na luta pela igualdade racial em todo o mundo.



Ouça outra música, agora com a Banda Natiruts: "Quem Planta Preconceito" cujo refrão é: "quem planta preconceito, racismo e indiferença, não pode reclamar da violência".


E na música "Blowin'in the wind", Bob Dylan, perguntava inclusive isto: "quanto tempo o homem deve virar a cabeça fingindo não ver o que está vendo?". Então acompanhe a versão em português com Diana Pequeno.


Assim, começamos o nosso projeto, cujo andamento você poderá acompanhar por aqui.
Obrigado pela visita. Volte sempre!
Silvio Luís de Carvalho